terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Apto 505


  Quando eu decidi abrir a porta e correr escada baixo e te impedir de ir, você já tinha dobrado a esquina e eu me vi sentada naquele ultimo degrau alguns minutos depois. Reparei o quanto tudo ficava sem vida, as paredes que muitas vezes tinha tons vivos se transformaram em cinzas daqueles mortos. As escadas que muitas vezes subia correndo fugindo de você por brincadeira, eu subi sem vontade, degrau por degrau e quando me deparei com a porta aberta do meu apartamento eu notei que havia perdido o único que se importou comigo. O idiota que se importou comigo, lembra? 
  Os dias passaram correndo e eu sentia falta cada dia mais, tudo estava uma bagunça, porque era você quem era o organizado ali. Eu estava triste e aparência em frente ao espelho não costumava ser a melhor. 
  Aquela mania boba de quando seu orgulho acha que se pode viver sem a pessoa que ama, acaba dizendo o que não quer, que não devia e machucando. Maldito orgulho! Que nunca me ajudou em nada, muito menos em dias ciumentos que me impediam de ir te pedir desculpas, ainda por cima era egoísta daquelas que não imaginava você com ninguém. 
  Eu costumava acreditar que eu tinha encontrado o amor da minha vida, daqueles que você não se cansa de dizer que ama, que não se irrita por coisas bobas - por mais que adorasse me irritar - dos que faziam a janta, procuravam sempre surpreender e quando brigava mostrava e lembrava que o amor era tudo no relacionamento. 
  Você me respeitava, me mimava, me fazia rir sem motivo e me desarmava com todo seu jeito carinhoso. Pensei que fosse mais fácil, mas aí eu lembrei que tudo se tratava de nós e quando envolvia dois cabeças duras nada seria fácil. Mas você costumava fazer ficar, com aquele jeito calmo, filhinho de papai e idiota. 
  Sempre gostou do meu jeito meio sem vontade da vida, nunca me deixou desistir e me apoiava em tudo. Se eu resolvesse ser astronauta você me apoiaria, lembro quando me disse isso e eu ri e impliquei que você dizia coisas bobas. Ou aquela vez em que você resolveu fazer um bolo no meu aniversário, eu nunca fui tão feliz, fez uma bagunça da cozinha mas foi o melhor bolo que eu já ganhei. 
  Das poucas vezes que me vi sem você não imaginei que a pior seria você dando as costas e partindo, virando a esquina e não voltado. Eu dizendo eu te amo e você dizendo que amava. 

Poderia começar tudo isso com um ''era uma vez'' mas não é bem assim, as coisas nunca foram tão fáceis, nunca ganhei nada de mão beijada, nem ao menos ganhei qualquer promoção daquelas revistas de adolescentes sabe? Pois é. E toda vez que tinha ideias eu as deixava pela metade, porque achava outra coisa ainda mais interessante a se fazer. Era tudo inacabado. 
Pessoas começam a escrever por diversas maneiras, tem aquelas que escrevem por tédio, vontade, sentimentalmente e as que escrevem logo depois de uma desilusão amorosa, porque nada melhor que você largar toda sua dor, raiva e qualquer outro sentimento em uma folha de papel ou até mesmo em uma página aberta do word. As lágrimas vão junto mas é como se fosse um desabafo para aqueles que não lidam muito bem ao expressar seus problemas, medos ou desilusões. 
Conheci uma menina certo dia, ela estava sentada na escadaria do meu prédio esperando o seu namorado que por sinal era meu vizinho. Todas as quartas eu a via ali, com aquela ansiedade de ver quem você ama  e me perguntava se era tudo aquilo que ela realmente sentia. O garoto não valia nada e não falo por mim mas pela vizinha do 405 que ele vivia xavecando no elevador. E quando saia de lá colocava um sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido e eu achava aquilo patético.  Sabe as pessoas tem essa mania de achar que você nunca vai notar nada e muita gente por aí percebe bem mais do que se pensa, não é preciso ler entrelinhas para você perceber o tipo de cara certo ou o errado - porque é por eles mesmo que a maioria se apaixona - e sabe o sapo as vezes te valoriza bem mais que aquele príncipe metido a bom moço. Eles são decepcionantes na minha opinião, eles falam o que você quer ouvir, te elogiam, te fazem sentir única e no final da noite você acredita que conseguiu o cara que tanto queria e se pega pensando naquele que só implica, irrita e não paga de bom moço, é apenas ele mesmo e te fala coisas que você não quer ouvir, mas nunca deixou de ser sincero, sempre te fez refletir sobre tudo e mesmo que ele passe a maior parte do tempo procurando motivos para te irritar, você ainda pensa nele como um cara que no final de tudo arranca boas risadas. 
 O vizinho ele é o bom moço misturado com o sapo, ele diz coisas que a menina sempre quis escutar e no final do dia se pega pensando no porque perder a pessoa que sempre o espera na escada do prédio dele e acaba acreditando que nem a mulher do 405 dando mole pra ele, seria tão bom como ver o sorriso mais doce que ele já viu. 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Apto 505


  Quando eu decidi abrir a porta e correr escada baixo e te impedir de ir, você já tinha dobrado a esquina e eu me vi sentada naquele ultimo degrau alguns minutos depois. Reparei o quanto tudo ficava sem vida, as paredes que muitas vezes tinha tons vivos se transformaram em cinzas daqueles mortos. As escadas que muitas vezes subia correndo fugindo de você por brincadeira, eu subi sem vontade, degrau por degrau e quando me deparei com a porta aberta do meu apartamento eu notei que havia perdido o único que se importou comigo. O idiota que se importou comigo, lembra? 
  Os dias passaram correndo e eu sentia falta cada dia mais, tudo estava uma bagunça, porque era você quem era o organizado ali. Eu estava triste e aparência em frente ao espelho não costumava ser a melhor. 
  Aquela mania boba de quando seu orgulho acha que se pode viver sem a pessoa que ama, acaba dizendo o que não quer, que não devia e machucando. Maldito orgulho! Que nunca me ajudou em nada, muito menos em dias ciumentos que me impediam de ir te pedir desculpas, ainda por cima era egoísta daquelas que não imaginava você com ninguém. 
  Eu costumava acreditar que eu tinha encontrado o amor da minha vida, daqueles que você não se cansa de dizer que ama, que não se irrita por coisas bobas - por mais que adorasse me irritar - dos que faziam a janta, procuravam sempre surpreender e quando brigava mostrava e lembrava que o amor era tudo no relacionamento. 
  Você me respeitava, me mimava, me fazia rir sem motivo e me desarmava com todo seu jeito carinhoso. Pensei que fosse mais fácil, mas aí eu lembrei que tudo se tratava de nós e quando envolvia dois cabeças duras nada seria fácil. Mas você costumava fazer ficar, com aquele jeito calmo, filhinho de papai e idiota. 
  Sempre gostou do meu jeito meio sem vontade da vida, nunca me deixou desistir e me apoiava em tudo. Se eu resolvesse ser astronauta você me apoiaria, lembro quando me disse isso e eu ri e impliquei que você dizia coisas bobas. Ou aquela vez em que você resolveu fazer um bolo no meu aniversário, eu nunca fui tão feliz, fez uma bagunça da cozinha mas foi o melhor bolo que eu já ganhei. 
  Das poucas vezes que me vi sem você não imaginei que a pior seria você dando as costas e partindo, virando a esquina e não voltado. Eu dizendo eu te amo e você dizendo que amava. 

Poderia começar tudo isso com um ''era uma vez'' mas não é bem assim, as coisas nunca foram tão fáceis, nunca ganhei nada de mão beijada, nem ao menos ganhei qualquer promoção daquelas revistas de adolescentes sabe? Pois é. E toda vez que tinha ideias eu as deixava pela metade, porque achava outra coisa ainda mais interessante a se fazer. Era tudo inacabado. 
Pessoas começam a escrever por diversas maneiras, tem aquelas que escrevem por tédio, vontade, sentimentalmente e as que escrevem logo depois de uma desilusão amorosa, porque nada melhor que você largar toda sua dor, raiva e qualquer outro sentimento em uma folha de papel ou até mesmo em uma página aberta do word. As lágrimas vão junto mas é como se fosse um desabafo para aqueles que não lidam muito bem ao expressar seus problemas, medos ou desilusões. 
Conheci uma menina certo dia, ela estava sentada na escadaria do meu prédio esperando o seu namorado que por sinal era meu vizinho. Todas as quartas eu a via ali, com aquela ansiedade de ver quem você ama  e me perguntava se era tudo aquilo que ela realmente sentia. O garoto não valia nada e não falo por mim mas pela vizinha do 405 que ele vivia xavecando no elevador. E quando saia de lá colocava um sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido e eu achava aquilo patético.  Sabe as pessoas tem essa mania de achar que você nunca vai notar nada e muita gente por aí percebe bem mais do que se pensa, não é preciso ler entrelinhas para você perceber o tipo de cara certo ou o errado - porque é por eles mesmo que a maioria se apaixona - e sabe o sapo as vezes te valoriza bem mais que aquele príncipe metido a bom moço. Eles são decepcionantes na minha opinião, eles falam o que você quer ouvir, te elogiam, te fazem sentir única e no final da noite você acredita que conseguiu o cara que tanto queria e se pega pensando naquele que só implica, irrita e não paga de bom moço, é apenas ele mesmo e te fala coisas que você não quer ouvir, mas nunca deixou de ser sincero, sempre te fez refletir sobre tudo e mesmo que ele passe a maior parte do tempo procurando motivos para te irritar, você ainda pensa nele como um cara que no final de tudo arranca boas risadas. 
 O vizinho ele é o bom moço misturado com o sapo, ele diz coisas que a menina sempre quis escutar e no final do dia se pega pensando no porque perder a pessoa que sempre o espera na escada do prédio dele e acaba acreditando que nem a mulher do 405 dando mole pra ele, seria tão bom como ver o sorriso mais doce que ele já viu.